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sábado, 5 de março de 2011

Em terra de cego, quem tem olho é escravo




Hoje eu estava andando com a minha tia pelo comércio de São José dos Campos e vi um homem sentado na calçada pedindo alguns centavos. Vi também o modo como nós o ignoramos.


Estou cega de uma cegueira branca. Tal qual todos no livro de Saramago. Aliás, como no livro de Saramago, poucos são os que continuam enxergando.


Estou cega de uma cegueira branca. Sim, branca. Sabia que o branco é a mistura de todas as cores? Estou cega de uma cegueira branca, pelo simples fato de querer ver tudo e não enxergar nada, por causa da minha ansiedade. Sim, eu quero ver tudo! Mas vejo tudo o que é errado. Não vejo a coisa certa.


Todos estamos cegos, e vendo a coisa errada. Talvez se víssemos a pessoa que está sentada no chão pedindo esmola como aquela pessoa dirigindo um carro importado em direção ao shopping, como iguais, não existiriam coisas erradas para se ver, porque seriam iguais e iríamos acabar com as diferenças.


Enquanto isso não acontece, continuamos cegos e ignorando alguns, sem pensar que nós poderíaos estar pedindo ao invés de dando.


"Em terra de cego, quem tem olho é escravo" (José Saramago)

É cego, porque tem que conviver enxergando a injustiça que todos os outros cometem, sem ter força de expressão para fazer os outros enxergarem, sofrendo preconceito quase patológico.

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