Páginas

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Aquele passado que é meu. E seu.

Certo. Talvez eu não devesse lembrar disso nunca mais.
Mas essas palavras simplesmente não possuem poder algum sobre mim e as lembranças surgem sem avisar... Ok, talvez eu as faça vir.
O fato é que eu não me conformo. Eu me coloquei nisso e apesar de não gostar nem um pouco dessa situação, não estou disposta a me tirar dela.
As memórias que me invadem deixam um rastro de nostalgia que me demonstram que não vai voltar... E mesmo que volte, não vai dar certo.
Eu não confio mais.
Infelizmente isso não basta. A esperança ainda faz parte de mim. Esperança tola e sem motivos.
Aliás, sem motivos e tolamente eu me faço pensar nas mudanças. Aquelas que eu provoquei e que mesmo sendo extremamente notáveis não trouxeram conforto ao meu coração.
Só que o mais difícil é admitir a mudança provocada em mim. Porque eu mudei. Talvez ninguém tenha notado. Ironicamente você foi o único que notou.
Você transformou aquela garota alegre e viva em outra fechada e desconfiada, que vive à própria custa.
Aquela garotinha que gostava de desenhos animados e músicas felizes se metamorfoseou em uma menina que vive do seu próprio jeito, provando que está certa em todas as ocasiões.
Sua vida não está mais nas músicas que ela ouvia. Você fez com que as músicas viessem até ela e se formassem a partir dela.
Nada fez sentido nos segundos que se seguiram e a vida dela mudou pra sempre. Você fez mudar.
Sim, é difícil aceitar. Mas pela primeira vez ela não quer mais chorar. Se antes chorava para colocar toda essa dor pra fora, agora que a dor passou e só sobrou nostalgia, nada mais está se esvaindo com as lágrimas. Talvez só ela mesma.
E todos os dias aquele passado feliz que provocou tantas tristezas em sua alma retorna para matá-la aos poucos.
Ela agoniza e ninguém vê. Mas sabe o que é pior? O pior é saber que você também morre e também não pede ajuda. Você também mergulhou no orgulho. E essa é justamente a mudança que ela provocou em você: ela te ensinou a ignorar.
Não apenas a ignorá-la, como ela faz com você, mas ignorar a dor e a possibilidade de perdão.
Esse perdão que ela recusou a te conceder. Perdão que você imagina não existir. Perdão por tê-la transformado nessa garota fria que aparece a sua frente todas as manhãs e não poder dar nem ao menos um bom dia, porque ela não permite.
E apesar dela não fazer parte da sua vida, ela ainda te molda nos padrões que ela quer. Você ainda está vulnerável e preso a ela.
Você também está preso aquele passado. Aquele passado que nos une.

"Amor de alma é pesaroso encanto" (Claudio Manuel da Costa)

Nenhum comentário:

Postar um comentário