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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Fugindo da covardia de Pablo

- Que te aconteceu, Pablo?, perguntei apertando-o contra mim - Nada, Pilar, nada - Sim aconteceu-te alguma coisa. - Os companheiros, a maneira como me abandonaram. A gente. - Sim, mas eles estão comigo e eu sou a tua mulher. - Pilar, tornou ele, lembra-te do comboio. Depois acrescentou: Deus te proteja, Pilar. - Porque falas tu de Deus? perguntei eu. Que linguagem é essa? - Sim, Deus e a Virgen, foi a sua resposta. - Qué va, Deus e a Virgen, disse-lhe eu. Isso são maneiras de falar? - Tenho medo de morrer, Pilar, foi o que me respondeu. Tengo miedo de morir. - Então salta da cama, disse eu. Não há lugar na cama para mim, para ti e para o teu medo. Então ele envergonhou-se e calou-se e eu adormeci, mas este homem é uma ruína.

(trecho de Por quem os sinos dobram)

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