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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Eu queria ter as respostas

I'll follow you into the dark - Death Cab for Cutie

“Love of mine someday you will die
But I'll be close behind
I'll follow you into the dark”
(I’ll follow you into the dark – Death Cab For Cutie)

Meu amor um dia você irá morrer
Mas eu vou estar logo atrás
Eu vou seguir você até a escuridão
Para onde vamos quando morremos?
 Morrer dói?
Existe Paraíso?
Existe Inferno?
Existe Paraíso e Inferno?
Por que as pessoas morrem?

Eu nunca fiz nenhuma dessas perguntas pros meus pais. Nem quando o tio do meu pai morreu e eu tive de ir ao velório (ele era a única pessoa que eu conhecia que morreu).
Mas hoje eu resolvo ser criança de uma vez por todas. É mais fácil não saber das coisas. Até porque meus pais não saberão me responder as perguntas que a minha própria alma me questiona.
Eles não saberão me dizer por que ela morreu. Eles não saberão me dizer se ela acordou de manhã e disse “hoje eu vou morrer, foi muito bom conhecer você, mundo!” e voltou a dormir. Eles não saberão me dizer se ela sentiu dor. Eles não saberão me dizer onde ela está agora ou se ela acordará como se estivesse em um sono profundo. Eles não saberão me dizer se com a minha avó vai ser do mesmo jeito.
Eles não saberão me dizer se com os meus dois avôs foi assim. Se a minha bisavó sofreu.
Eles não saberão me dizer quando eles vão morrer. Eles não saberão me dizer se eu vou morrer antes deles.
O fato é que ela morreu. Ela que era a mãe da minha mãe quando a mãe da minha mãe não estava por perto para ajudar. Saiu confuso, mas tudo é confuso pra mim agora.
Meu pai não me contou ainda. E ele sabe. Eu fico dizendo tolices a cada momento e ele fica sendo educado ouvindo tudo o que eu digo e concordando sem dizer palavra. Aliás, sem ouvir uma única palavra que sai da minha boca.
E eu pensando em encontrar o amor. Quer prova maior que essa que o amor existe?
Meu pai não me contou que ela morreu. Fico imaginando por que. Porque ele vai ficar sem jeito de me abraçar quando eu começar a chorar. Porque talvez ele, como eu, esteja pensando que poderia ser a minha avó no lugar dela. E que daqui a um tempo irá ser a minha avó e ele não poderá me esconder. Daqui a um tempo será ele, minha mãe, meu irmão, eu, você. Algum dia. Cedo, ou tarde. Não é possível fugir. Para quê? Para onde? O jeito é enfrentar. Não a Morte, mas a Vida. E a falta de quem ama.

O tio do meu pai se despediu de todos que ele conhecia uma semana antes de morrer. Ele simplesmente sabia que iria embora. Agora ele não é a única pessoa que eu conhecia que morreu. Eu tento imaginar que ela acordou hoje de manhã e disse que estava muito cansada, iria dormir mais um pouco. E foi. Nada complicado.

Meu irmão aceitou numa boa. Talvez ainda não entendido direito. Queria ser como minha avó que diz já ter vivido tanta coisa que nem se impressiona mais com nada, e que a Morte já é uma constante em sua vida, de modo que ela já acostumou...


Quem vai, vai - Forfun

“É certo que haverá coisas que fujam da sua alçada”
(Quem vai, vai – Forfun)

"E assim como essa crônica, nada se conclui"
(A excêntrica família de Antônia)

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