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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Não me rele, não me toque!

Uma montanha-russa. É assim que eu estou vendo os meus dias. Nem é mais a minha vida.
Estressada, um copo cheio de água. E uma gotinha, uma única gotinha cai e faz o copo transbordar.
Não adianta pensar que eu estive errada, meu orgulho me impede de confessar o erro.
Ainda que o erro seja com as minhas amigas. Aquelas que estão sempre ao meu lado.
E aí, eu penso o quanto elas são importantes na minha vida, o quanto eu ficaria sozinha sem elas pra me fazer companhia. E me arrependo. E sinto a compaixão delas para comigo, quando continuam a falar comigo, como se nada houvesse acontecido. E eu me sinto bem de novo, alegre, no nível normal de felicidade.
Mas como é que um aceno de mão pode fazer eu me sentir tão feliz assim? Feliz a ponto de saltar, correr, gritar? Feliz a ponto de pouco me importar com a chuva que está molhando meu cabelo?
Esqueço totalmente do meu nervosismo da manhã, da compaixão das minhas amigas, feliz, qualquer coisa é possível...
Mas como lidar com toda essa felicidade? E mais uma vez me sinto a Lóri, com sua longa aprendizagem, tornando tudo um delicioso prazer.
De repente, como se tudo já não fosse em doses muito grandes para uma garota como eu, me sinto num céu de diamantes com a Lucy, olhando para aqueles olhos de caleidoscópio que bem poderiam ser dela-Lucy, da Capitu ou dele... Ele que cantava a música pra mim.
Felicidade extrema. Felicidade clandestina.
Olha a Clarice de novo na minha vida!
(Acho que estou de TPM!)



 – Lóri, disse Ulisses, e de repente pareceu grave embora falasse tranqüilo, Lóri: uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes e o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angustia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida.  Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.  (Trecho de Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres, de clarice Lispector)

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