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sábado, 31 de maio de 2014

A sua forma de ser



Eu estive em crise dia desses. Percebi que só trabalhar pra levantar a auto-estima não é suficiente quando se tem pensamentos fortes demais. Na verdade eu percebi que eles só aparecem na nossa cabeça, assim como quem não quer nada, bem quando a gente está bem fraco, tipo quando tá indo dormir, sabe?
Eles começam a cochichar no seu ouvido perguntas e falas bestas, do tipo "você saiu tão feia naquela foto! se você fosse um pouco menos magra e ossuda seria perfeito. como foi que alguém algum dia gostou de você, hein? magra desse jeito! imagina abraçar uma pessoa tão magra."
E aí você dá ouvidos pra eles, aumenta as perguntas e começa a chorar baixinho, porque você sabe que é idiotice chorar por algo que você sabe que não é verdade e se você sabe, melhor não ter que ouvir dos outros, não é?
No dia seguinte você já não aguenta tanto peso e mal estar na sua cabeça e resolve falar com alguém. E eu falei, falei com o melhor amigo, se seu melhor amigo não te amar você tá ferrado, não é?
Falei que as vezes, de repente, eu não só me achava feia, como também achava tudo o que eu fazia ruim, de péssima qualidade, mesmo sabendo que eu não sou feia (se sou bonita é outra história) e que o que eu faço não é a excelência, mas fica longe de ser péssimo.
E ele concordou comigo e ainda me mostrou o quão comum é a gente duvidar da gente mesmo de vez em quando e que ter alguém que trabalhe melhor que você também é normal.
Mas nessa altura eu já estava me perguntando quando foi que eu deixei de ser aquela pessoa que não ligava pra essas coisas, só fazia e ligava o foda-se. Mas não pensei que ele fosse me dar uma resposta, eu só disse pra tentar fazer ele entender as besteiras que eu estava pensando, de onde elas vinham e pra onde elas iam.
Mas ele me respondeu certeiro: quando você quis ser uma garota normal.
E continuou dizendo pra eu voltar a ser a garota que vivia desastradamente, que saía de casa e quase era atropelada por um ônibus.
Aí, no dia seguinte, eu saí com a Vi e o Christian e no outro com a Bê, a Lari, o Fabiano e o Mateus e senti muito bem o que ele quis dizer. Eu tropecei, quase caí, quase me furei em espinhos, ri de tudo isso. E sem deixar de fazer o que eu tanto gosto de fazer que é tirar fotos e filmar o vento.
Mais tarde, voltando pra São José dos Campos, percebi que é muito mais fácil e agradável ser desastrada do que tentar ser normal. E que eu tentei, foquei e me preocupei tanto em ser a pessoa que eu queria/quero ser que acabei deixando de lado quem eu sou.
A pessoa que eu quero ser cabe muito bem na pessoa que eu sou e eu fui uma idiota não enxergando isso. E deixando a modéstia de lado por um segundo, eu sou uma pessoa bonita, afinal de contas; não porque eu saiba desenhar, cantar, escrever, dançar e ser delicada, mas porque eu tento. Eu desenho, canto, escrevo e danço, da minha forma bagunçada e que me caracteriza como diferente das outras pessoas. Eu sou apaixonante por isso, a única coisa que aconteceu é que ninguém se aprofundou em mim o suficiente pra perceber e se apaixonar. Nem eu.

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