Ou melhor: em quem eles acreditam? No pai do Tinho, ou no Frejat?
Pensando em tudo isso, na desgraça que tinha acontecido comigo só porque eu me metera a galã de cinema, julgando ser o Super-homem ao pular aquela janela, senti que eu estava chorando sem querer. Lembrei-me do meu velho pai me dando conselhos quando ele foi em cana, na greve que fizeram na fábrica, eu querendo chorar na hora que o levaram, mas me aguentando, desesperado, pedindo pros tiras não levarem ele.
– Filho – ele me disse com as mãos algemadas – , não segura não. Pode chorar. Homem que é homem...
– Homem que é homem não chora, né, pai? – eu ainda disse, antes dele entrar no camburão.
– Chora sim, filho. Homem que é homem tem sentimentos. Não é de pedra, frio, seco como chão esturricado. Homem que é homem chora sim...
(...) e parecia ouvir a voz dele, um sopro nos meus ouvidos... “Chora, filho! Homem que é homem chora, e muito, diante das injustiças, dos malfeitos, das danações do muno...”
(Trecho do livro "Deus me livre!" de Luiz Puntel)
"Homem não chora" - Frejat
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