Páginas

sábado, 30 de agosto de 2014

A prova de que eu já nem sei mais

E aquela sensação de que tudo já foi dito? Mas ninguém disse nada, moça!
Como foi que o Riobaldo¹ falou?

O corpo não traslada, mas muito sabe, adivinha se não entende.

Eita cabra bão de conhecer as coisas!
Como pode alguém que viveu sempre a mesma vida ter tanta história pra contar e de tudo tirar uma opinião feitinha e sem ignorância?
Mas eu tô fugindo do assunto. A pergunta de verdade e que não quer calar é: por que mesmo sem ninguém ter dito nada,  existe a sensação (desconfortável, aliás) de que tudo foi dito?
Deus, eu adoro o cheiro desse caderno e a Fabi estaria orgulhosa de mim se estivesse lendo essa linha.Virgínia Woolf estaria orgulhosa? F. Scott Fitzgerald não estaria, já que não tenho tirado nenhum proveito desses sentimentos todos.
Aliás, sabe quem não estaria orgulhoso? Alberto Caeiro² e Riobaldo Tatarana. Ah! O João também não estaria. Eles diriam: pra que complicar tudo? Quer dizer, o João diria isso e concordaria se eu dissesse que é só sentar e conversar. Mas a outra Natália não quer sentar e conversar! Quer dizer...
Na verdade ela nem está aqui. Ela se dividiu em duas: a Nati está vendo uma curva do rio com o Alberto e a Naná está ouvindo o Riobaldo. Ou vice e versa e versa e vice e sei lá mais o quê.
E eu acho que eu que fiquei sobrando, devia ir bater um papo com o Drummond e depois, quem sabe, ir conversar com a Clarice.
E mais tarde, antes de dormir, pensar seriamente em me transformar em um Fernando Pessoa da vida. Ou melhor: três.
(claro que sem toda aquela qualidade, né, minha gente?)

1 - Personagem de Grande Sertão: Veredas
2 - Pseudônimo de Fernando Pessoa

Quem é essa afinal?
Foto: Viviane

Nenhum comentário:

Postar um comentário